sexta-feira, 24 de dezembro de 2010

Orestes Quércia (1938-2010)


Morreu aos 72 anos na manhã desta véspera de Natal o político Orestes Quércia. Hoje não tô afim de ficar detonando o caráter do cadáver, então vou pegar mais leve. O cara foi um dos fundadores do PMDB depois que o pluripartidarismo retornou. Vereador, Senador, Prefeito de Campinas, Governador de São Paulo... só não conquistou a presidência. Mas deixemos o lado político pra lá. Ele foi vencido por um câncer de próstata. Não conheço o histórico médico dele, mas mesmo tendo passado por Campinas, ele provavelmente resolveu começar as dedadas tarde, o que é determinante para a detecção da doença no início e aumentar as possibilidades de cura. Então fica a dica aí pra todos homens do país. Agora, quem prefere morrer como macho, tudo bem. Primeiro o Tuma... agora ele. É, Aloysio Nunes. Os astros realmente conspiraram a seu favor. Vá em paz Quércia, seja lá onde você estiver. Abaixo, uma das entrevistas mais antológicas da política brasileira protagonizada pelo nosso mais recente cadáver.

2 comentários:

  1. Não há quem transforme obituário em algo tão foda de ler como você. Como o Quércia preferirei morrer como macho! Hahahaha!

    Sem comentários quanto ao falecido. Já o outro cadáver-imortal Brizola, como sempre, massacra jornalistas despreparados e proporciona momentos clássicos de puro humor.

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  2. domingo, 26 de dezembro de 2010
    Obituário Político de Orestes Quércia
    Sei que é Natal e que deveríamos só falar de coisas boas. Mas não posso deixar de fazer uma reparação importante. Vou fazer o obituário do Quércia. Figura danosa à política brasileira que destilou maldades políticas por mais de 40 anos. Seu papel fundamental foi o de sepultar os políticos corretos. Escolhido a dedo pela elite paulista, enroscando-se nela mesma, aceitou o desafiou de enterrar os desafetos do compadrio elitista e urdiu as tramas políticas da cisão. Nas eleições para Deputado Federal, na virada da Nova República, distribuiu aos prefeitos das cidades paulistas mais importantes uma lista de candidatos em quem poderiam os seus “correligionários” cabresteados votar. Com isso sepultou todas as candidaturas honestas oriundas do extinto MDB, notadamente, as do grupo autêntico. Lembro-me bem desse mal feito, porque o meu amigo Márcio Santilli, homem probo e que desde jovem fazia política da boa, sofreu na pele, juntamente com o seu pai – um dos vintes e três autênticos do MDB – o corte da guilhotina quercista, tendo sua carreira política abortada na sua segunda tentativa de uma legislatura federal pelo Estado de São Paulo. Essa guilhotina estendeu-se a outros estados e quase todos os autênticos do MDB sucumbiram sob essa espada corrupta da nova liderança do PMDB. Mais recentemente, o ex- Governador do Rio, Anthony Garotinho, em sua tentativa de se candidatar pelo PMDB à Presidência da República, sentiu a força dessa guilhotina quercista. Mas isso, melhor diria o próprio.

    Assim faço a devida correção em relação ao muito torto obituário político de Quércia que os grandes jornais veicularam, incluindo-se nessa fauna jornalística o tal do Moreno que escreve no O Globo, na pele de um revisionista da ditadura. Disse ele que, dando o mérito da CPI que derrubou Collor à Quércia, a história ainda iria fazer a devida homenagem ao político que se foi neste Natal. Embora tentem, como o próprio Moreno, distorcer os fatos, as pistas das canalhices Quercistas eles mesmos dão. Vejamos o que disse o Moreno :

    “ …Não fosse ele (Quércia) não teria havido a deposição de Collor. Na época do escândalo, Quércia era Presidente do PMDB, mas todos os homens mais importantes do partido …. eram contra. O hoje Presidente da Republica, Lula, era presidente do PT, e o hoje senador não reeleito Jereissati … partiram para o alvo maior: o PMDB. Logo na primeira conversa obtiveram o apoio de Quércia. Quércia agiu como um rolo compressor dentro do partido, abatendo o próprio Ulysses (grifo meu). O velho comandante do PMDB, … acabou dando a volta por cima e assumiu a dianteira do movimento e passou a ser chamado de “Senhor Impeachment”. Os louros ficaram para Ulysses, mas o mérito foi de Quércia. Quem sabe, um dia, a história repare isso” .

    O obituário político é ainda importante, porque políticos boquirrotos, como Lula e FHC, deixam escapar informações que revelam a essência Quercista e seus tentáculos de coloração esquerdista que é tão corrupta quanto qualquer outra coloração partidária presente. Por isso tudo, vejo, ainda, que a ignorância e a força do mal que foi a ditadura militar de 1964 durarão muito mais tempo do que imaginei. Todos sabemos que os políticos de hoje são visceralmente corruptos (generalizo, errando muito pouco) e os honestos simplesmente desconhecemos, porque certamente os partidos de hoje, como os de ontem, têm dono. A diferença fundamental é que a ideologia e princípios não importam mais e exatamente por isso, hoje, as ações políticas andam na base da propina e na luta pela divisão do butim público. Como sabemos, gangues têm chefes. Isso, sem sombra de dúvidas, é mérito de Quércia. A história precisará ser completamente recontada, porque a mídia, principalmente as da linha branca, está a distorcer os fatos em duplicidade espontânea, já que as retrospectivas tipo Moreno são, certamente, independentes dos controles editoriais.

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